terça-feira, 17 de setembro de 2013

Safira Torres de Menezes: família faz homenagem





28 de Julho de 2013 ás 10:07 - Homenagem

Texto bastante emocionado fala da mãe exemplar e grande mulher

Ontem, dia 27, fez um mês que a matriarca Safira Torres de Menezes partiu e encerrou sua grande missão na terra. Seu filho, Juvenal Torres, aproveita o Portal A8 SE para enviar uma homenagem feita pela família. Para lembrar um pouco da sua bonita história, transcrevo na íntegra:
  

"Safira Santos Torres nasceu em Canhoba em 21 de abril de 1929. Filha de Juvenal da Rocha Torres e Áurea Santos Torres, casou-se com Eurípedes Teles de Menezes, passando a adotar o nome Safira Torres de Menezes. Teve uma história de vida que surpreende a todos. Muito jovem, participou de um movimento em Canhoba para impedir que tirassem o motor que gerava energia elétrica. Com o marido, enfrentou perseguição política por serem ele e seu pai comunistas, tendo-se refugiado na fazenda dos seus tios Maneca e Anita. Ele, ficou numa serra deserta, protegido apenas por uma lona, onde se encontravam clandestinamente. Nesta ocasião, o casal já tinham 5 filhos, concebendo mais uma filha. 

Mesmo tendo que cuidar dos filhos e grávida, não abandonava o grande amor da sua vida. Tendo o exército aumentado o cerco, mudaram-se para Alagoas onde ele trabalhava como vaqueiro. Foram muitas idas e vindas na clandestinidade, que durou quase oito anos. Isto lhe custou a perda do emprego. Ela deu  à luz a mais tres filhos. Seguiu-se, ainda, um período de grande dificuldade, sem condições de sustento da família. Findo este período, ele conseguiu readquirir o emprego no Horto Florestal de Ibura, onde tiveram um período de paz, segurança e conforto. Como queriam cuidar da educação dos filhos, resolveram  mudar para Aracaju, onde já possuíam uma casa no bairro 18 do forte. Na preparação para a mudança, perdeu seu amado, com 41 anos, num acidente automobilístico onde feriram-se gravemente seu pai, Jove e seu filho, Péricles.  Estava então com 38 anos, grávida, 13 filhos vivos, com idades de 3 meses a 18 anos. 

Ela se reinventou: passou a costurar, aprendeu a dirigir, forneceu marmitas, não deixou nenhum filho se afastar do lar, criou e educou todos com rigor, bravura e carinho. Na sua casa, já lotada, sempre cabia mais um, amigo ou parente. Sua mesa, mesmo quando escassa, tinha sempre um prato a mais. Soube capitalizar a ajuda de inúmeros parentes e amigos na sua jornada. Soube rechaçar, com elegância,  possíveis intromissões na sua vida pessoal e de sua família. Viveu como ninguém um verso de Djavan: “Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra 
dar...” Depois de formar e casar todos os filhos, seguiu educando netos e bisnetos. Nos últimos 20 anos usufruiu de tudo que plantou: Fez natação e participou de competições, viajou o mundo inteiro, acompanhou filhos em defesas de teses onde conversava com os doutores, como se fizesse parte daquele mundo. Ou talvez Deus já lhe tivesse outorgado o titulo de “Doutora Honoris Causa”. Soube calar e falar no momento certo. 

Deus lhe deu mais uma cruz: um câncer de intestino. Foi operada várias vezes, ficou na UTI do Hospital São Lucas por quatro meses, e novamente soube cativar seus anjos da guarda que aqui homenageamos através do Dr. Thiago Smith representando a equipe médica, Dra.  Carol, fisioterapeuta, Helena, técnica de enfermagem e tantos outros que não poderíamos enumerar.  O mesmo Deus que lhe deu a cruz, ajudou a carregá-la. Voltou para casa, reviu todos os amigos e parentes. Comemorou seus 84 anos, o dia das mães, voltou à sua terra natal – Canhoba. Acompanhou de cadeira de rodas a procissão do Santo Cruzeiro. Viu sua cidade com os olhos de quem ama.  Deu e recebeu carinho, afagos e beijos no convívio constante com filhos, netos e bisnetos que se revezaram em cuidados ininterruptos durante os últimos 7 meses. Foi-se despedindo de cada um e ensinando até o último dia: humildade, resignação e amor. Deus, enfim, lhe tirou a Cruz. Viu que ela havia cumprido toda a sua missão e ela seguiu em paz no dia 27 de junho de 2013. Seus filhos: João, José (Zequinha), Euripedes, Normélia , Jorge Gontran, Safira , Herminia , Juvenal , Maria Anita, Pericles, Jefferson, Áurea, Elisiário, genros,  noras,netos, bisnetos, e uma infinidade de amigos lhe rendem esta merecida homenagem."

                                                        
                                      http://www.a8se.com/
                                      

3 comentários:

  1. MULHER de fibra que tive o prazer de conhece.Amiga de todos.Boa esposa,mãe,avó.Deixou seu legado.

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  2. O tempo passa e, ao continuar a viver, ganhamos novos parentes, construímos novas amizades e aos poucos recebemos novas carícias positivas que nos enriquecem de afetos.
    Com o passar dos anos também, várias pessoas a quem amamos pessoas que com seu amor, sua amizade e seu carinho nos plenificavam e nos tornavam importantes, vão nos dando adeus. Partem e deixam seu espaço vazio em nossas vidas, porque cada uma delas é única e ocupa o lugar que era somente dela.
    Assim, costumo dizer que ficamos mais pobres quando alguém importante para nós se vai.
    Ontem se despediu Safira Torres de Menezes, minha sogra, mulher forte, batalhadora, mãe, avó, bisavó, sogra, parente e amiga amorosa e dedicada que renunciava ao seu descanso para estar disponível, para sempre servir com alegria.
    Safira é da cepa de grandes mulheres que tive a felicidade de conhecer e que deixaram belos exemplos para sua descendência e para os que admiram as sábias e grandes pessoas.
    Uma convivência estreita, de mais de quarenta anos, me credencia a ressaltar suas qualidades, enaltecer sua sabedoria, despida de sofisticação, mas sabedoria pura recebida de seus ancestrais e que a cada dia cresceu com as diversas situações difíceis que enfrentou na vida.
    Antonia Roza

    Sobre Safira Torres de Menezes veja a homenagem feita quando do seu aniversário de 80 anos.
    http://www.recantodasletras.com.br/discursos/2106003

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  3. Roza, você está sempre presente em todos os momentos e nos engrandece com sua leveza, lealdade e carinho ao falar sobre esta mulher, Safira, nossa mãe, que deu prova de que somente o amor é capaz de garantir a união e o crescimento de toda família. Um abraço Zequinha

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