sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Grupo de Pastoril "Bom Jesus dos Pobres"


PASTORIL

A origem do Pastoril está também vinculada àquele teatro religioso semipopular ibérico, já que tanto na Espanha quanto em Portugal, as datas católicas se transformaram em festas eclesiásticas e ao mesmo tempo em festa popular.
Segundo diversos autores, desde tempos muito antigos até o final do século XVI, são representadas peças de um ato relativas ao Natal, Reis, Páscoa, etc., numa mistura de elementos pastorais e alegóricos, de bailados, textos e canções. Esse teatro popular se afirmou em Portugal com os vilhancicos galego-portugueses, fonte primeira dos nossos pastoris. Os vilhancicos eram cantigas a solo e refrão coral, cantadas por populares encarnando pastores, nas representações da Natividade.

O Pastoril, mesmo em suas origens, nunca foi inteiramente popular mas burguês e sua justificativa se dá com os Presépios, pois, sistematicamente, os pastoris eram dançados em frente da lapinha, representação estática do nascimento do menino Jesus.
Com poucas diferenças, os estudiosos afirmam que as comemorações do Natal, a festa da Natividade, surgiram no início do século X. Conforme comprovam as pesquisas de Mário de Andrade , "a idéia de comemorar o nascimento do Cristo, através de representações dramáticas, foi do monge Tuotilo, morto em abril de 915, na Abadia de São Galo, centro germânico onde nasceram, ou donde pelo menos se espalharam com maior autoridade as Seqüências e os Tropos". O Tropo consistia em intercalar textos novos e frases melódicas novas, em textos religiosos oficiais da Igreja, cantados em gregoriano. 


PASTORIL 
Logo, tanto na França como na Inglaterra, os tropos dialogados do natal se desenvolveram rapidamente, transformando-se em núcleos do drama litúrgico medieval. Dividiam-se em três partes principais: A anunciação do nascimento do Cristo aos pastores; a adoração dos três reis magos; o massacre dos inocentes. Os dois primeiros temas se conservaram vivos e se desenvolveram com rapidez por todo o ocidente europeu e Portugal, através dos jesuítas, que assim repassaram Brasil Colônia.

PRESÉPIO 

Quanto ao Presépio, diante do qual tradicionalmente eram dançados os pastoris, segundo alguns estudiosos, surgiu somente no século XIII, com o movimento religioso de Úmbria. A invenção do presepe ou presépio é atribuída a São Francisco de Assis. Por volta de 1510, o tema passou a figurar nos autos hieráticos, como o de Sybilla Cassandra, de Gil Vicente, em citação de Pereira da Costa. Já em Portugal, a representação de auto pastoril ou presépio se afirmou somente no final do século XVIII, como descreve Mário de Andrade, citando Pedro Fernandes Tomás: "Os Auto Pastorisou o Presepe como eram conhecidas entre o povo estas composições teatrais que se exibiam em muitas localidades do país durante as festas do Natal, Ano Bom e Reis, constituíram uma série de pequenos autos e entremeses, representados na maioria dos casos em palcos improvisados, cujo cenário se revestia da maior simplicidade, formado quase sempre por grandes ramos de árvores (pinheiro, loureiro, etc.) colocados ao longo das paredes do palco. Ao fundo da cena via-se a gruta ou lapinha tradicional com as figuras da Virgem tendo no regaço o divino infante, S. José completando o grupo. Via-se também a mangedoura e os animais simbólicos- a vaca e a mula, e a burrinha em que a Virgem havia feito a viagem de Nazaré a Belém. Uma cortina cobria a gruta ou Presepe, e todas as ingênuas cenas dos autos e entremeses terminavam por se descerrar a cortina, e os personagens caírem de joelhos adorando o Menino... As farsas mais em voga que entremeavam os Autos Pastoris eram as do Cego e Moço, o Frade e a Beata, a Lambisqueira, etc. Uma espécie de prólogo em que entravam a Noite, a Lua, o Sol, a Atenção e outras entidades simbólicas, precedia a representação. No Auto dos Reis Magos também aparecia Herodes, rei da Judéia, que ordenava o extermínio dos Inocentes, indiferente às súplicas da desolada Raquel... Estas composições parecem datar do século XVIII, e conservam-se na sua grande parte manuscritas". 

No Brasil e mais precisamente em Pernambuco, segundo Pereira da Costa, o aparecimento do presépio vem, talvez, dos fins do século XVI, no Convento dos Franciscanos em Olinda, por iniciativa de Frei Gaspar de Santo Antônio, primeiro religioso a receber hábito no Brasil. Já Fernão Cardim, o Jesuíta, nos dá uma indicação em que talvez possamos detectar as origens do Pastoril brasileiro, por conta de uma representação em 1584, no dia 5 de janeiro ou no dia dos Reis, como consta num documento, também citado por Mário de Andrade em Danças Dramáticas do Brasil - 1ºTomo: "Debaixo da ramada se representou pelos índios um diálogo pastoril, em língua brasílica, portuguesa e castelhana, e têm eles muita graça em falar línguas peregrinas, maximé a castelhana. Houve boa música de vozes, flauta, danças, e dali em procissão fomos até a igreja com várias invenções".Boa-noite, meus senhores todos
Boa-noite, senhoras também;
Somos pastoras
Pastorinhas belas
Que alegremente
Vamos a Belém.

Sou a Mestra
Do Cordão encarnado
O meu cordão
Eu sei dominar
Eu peço palmas
Peço riso e flores
Ao partidário
Eu peço proteção.

Sou a contramestra
Do cordão azul
O meu partido
Eu sei dominar

Com minhas danças
Minhas cantorias
Senhores todos
Queiram desculpar 


A Diana, enquanto mediadora, cantava: 

Sou a Diana, não tenho partido
O meu partido são os dois cordões,
Eu peço palmas, fitas e flores
Ó meus senhores, sua proteção.
 

É importante salientar que as canções dançadas sucediam-se uma após a outra, sem qualquer diálogo ou texto de ligação entre eles, a não ser quando o velho do pastoril interferia com suas improvisações para estimular o público e receber gorjetas para lançar, com deboche, suas irreverências. 

Como espetáculo popular, o pastoril perdeu muito de sua popularidade, e hoje encontramos poucos grupos que ainda animam os bairros nos tablados armados na praça, ou como dizem: "não há mais pastoril de ponta-de-rua", com sua alegria irreverente. E naturalmente, perdeu sua função social. E perdemos verdadeiros atores mambembes, sendo justo lembrar os grandes velhos de pastoris, tais como: Amaro Canela de Aço, Catota, Galo Velho, Cebola, Baú, Velho Barroso, Futrica e o Faceta.
Mas, ainda que os fenômenos econômicos e sociais tenham interferido para a decadência dos pastoris, é bom lembrar a resistência do Velho Xaveco e Suas Pastoras, lançando discos e realizando espetáculos em teatros ou a recriação do ator Walmir Chagas, com o seu Velho Mangaba.  

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Os Carvalhos e Lampião...


O governador Eronildes Ferreira de Carvalho é um dos filhos mais de ilustres de Canhoba.Nasceu na Borda da Mata em abril de 1897. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 20 de dezembro de 1917.

  Única fotografia de Antônio Caixeiro: Pai do Governador de Sergipe, Eronildes Ferreira de Carvalho,proprietário da Fazenda Jaramatáia.

Mancomunados co o Rei do Cangaço.
-Entre meu filho!-respondeu Dona Branca. E virando-se para o marido, que assomava a sala,explicou:
Antonio é o capitão virgulino que chega perseguido pelos soldados de Alagoas e pede pousada.Já mandei entrar.
É assim que o escritor  Nerton Macedo que entrevistou Eronildes descreve a chegada de Lampião na Borda da Mata numa madrugada escura de Agosto de 1929.
Não há registro de uma uma pousada anterior, o capítulo na obra "Lampião,Capitão Virgulino Ferreira" de Nertan é'detalhado, descreve uma enorme hospitalidade para acomodar mais ou menos 20 cangaceiros que dormiam e se revezavam de sentinelas espalhados pela casa em companhia do casal.
Lampião conhecia "os Carvalhos"desde a sua juventude.Quando percorreu a maioria dos caminhos que viria a fazer mais tarde como bandoleiro.Revendendo nas fronteiras de Alagoas e Sergipe, como simples almocreve conheceu sua famíĺia. E agora já como poderoso chefe cangaceiro, aproveitou para visitar o coronel.
Sabendo do poder do grande comerciante Lampião pediu abrigo e comida,sendo prontamente atendido, onde lhe foi autorizado o abate de rezes etc,mas que seus moradores e contratados não fossem molestados por seus homens.
Esta improvisada reportagem não pretende, e nem se quissesse iria conseguir elucidar esse grande mistério do cangaço. Se o chefe do executivo sergipano foi realmente o principal " Paiol do bélico de Virgulino" é assunto secundário eu quero tratar da amizade e tolerância.
Os capitães se reconhecem.
Eronildes foi apresentado a Lampião em agosto de 1929, durante os dias em que se restabelecia de uma enfermidade na fazenda Jaramataia proprietade de seu npai no minicípio de Gararu.
Algumas biografias dão conta de que esse encontro se deu "antes" de ele estar com Caixeiro.Outras que foi numa visita do interventor até Borda da Mata.
A ordem dos fatores...Em ambas há um mesmo parágrafo: Trocam cumprimentos e o Dr. faz a Lampião uma indagação que entrou para galeria das "máximas cangaceiras".
-Então, como devo chamá-lo capitão ou coronel? Porque eu também sou capitão e deve haver aqui uma hieraquia - como oficial do exército não posso ser comadado  pelo senhor".
Lampião compreendeu a malícia e replicou: "Pois desde já o senhor está promovido coronel".
Após o café Eronildes presenteou Lampião com uma garrafa térmica e uma caixa de queijos importados.
Naquele instante nascia uma estreita amizade. Lampião passou a tratar de negócios, queria munição especilamente para sua pistola Luger ( Parabellum) cujas balas eram difícies de encontrar.
Por favor, um médico!
Foi através de Eronildes que os cangaceiros conhecem as propriedades analgésicas do ácido-acetil-saliciĺico.
Em dado momento perceberam que um dos cabras apresentava o rosto inchado e queixou-se de dor de dente. O Dr. trouxe-lhe o comprimido o qual inicialmente não ingeriu. Olhou para Lampião que fez um sinal de consentimento com a cabeça e em algumas horas tinha sua dor aliviada pelo comprimido. Uma aspirina. Outra propriedade dos Carvalho que era pouso para seguro para os cangaceiros era a fazenda São Domingos em Porto da Folha.( Observação Fonte e Fotos Rostand Medeiros.)          


Extraído do blog: 
Portal do Cangaço de Serrinha - Bahia, do amigo Guilherme Machado.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ÁRVORE DE NATAL
A igreja católica de canhoba (Bom Jesus dos Pobres) na admistração do padre Murilo Morais teve a brilhante ideia de montar uma árvore de natal feita de garrafas pet, com três metros de altura que  fica toda iluminada a noite, feita pelo amigo Weverton Matos , fica localizada na praça do Santo Cruzeiro.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Descobertas de Fósseis de mamíferos gigantes no Pov. Sítios Novos em Canhoba-Se

Paleomastozoologia Sergipana: as descobertas em Sítios Novos ...
14 abr. 2008 ... 1) existem diversos relatos históricos sobre a descoberta de fósseis na
localidade denominada Sítios Novos. Os objetivos do presente trabalho ...

www.revistadegeologia.ufc.br/documents/revista/2008/12_2008. - - Páginas semelhantes

LUIZ GONZAGA - 100 ANOS

Valorizar a pureza de um terreno sofrido e acidentado em pouco mais de seis estrofes é apenas um dos feitos do rei do choro e do baião. Batizar este retrato de “Asa Branca” e fazer dele
uma das canções mais populares do Brasil também está no currículo de Luiz Gonzaga.

Um dos responsáveis por lapidar e difundir a música popular brasileira, o ilustre cantor e compositor pernambucano completaria exatos 100 anos de vida nesta quinta-feira (13).

Nossa singela homenagem ao "Rei do Baião".

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Canhoba é Rota do Cangaço





CANHOBA EM SERGIPE É ROTA DO CANGAÇO – OS CARVALHOS, LAMPIÃO E O ESTADO “MENOR”


Por Kiko Monteiro
Há precisos dois anos recebemos uma mensagem de um velho amigo nos pedindo um apoio para sua pesquisa. Com a finalidade de colher informações sobre a situação atual, enfim sobre a preservação de um dos ranchos seguros frequentados por Lampião em território Sergipano.
A este amigo que nos inspirou e tanto suporte técnico nos prestou dedico o presente texto. Do qual nos esforçamos pra trazer pelo menos “uma novidade” a ser acrescentada na pesquisa dos senhores rastejadores e confrades que nos dispensam suas atenções.
Alerto que vai haver anacronismo, conjectura etc. inevitável. Lembre-se que estamos lidando com um capítulo de cangaço não é mesmo?
 Meu “aglomerado” só quer colaborar.
Fugindo do “Gabinete”
Estamos falando da “Borda da Mata” uma das propriedades do coronel Antônio Ferreira de Carvalho, o lendário “Antônio Caixeiro” no município de Canhoba.
Lancei a questão numa das comunidades desta cidade no Orkut. Passados mais de um ano eu já nem lembrava de conferir respostas. O interesse do pesquisador, independente deste resultado já havia se desfeito.
Quando a professora Dayana Ferreira uma das memorialistas da história local nos procura com notícias precisas e surpreendentes.
Nem só de pescas, no conforto do escritório vive um blogueiro… pé na estrada, no mato, na lama…
82 anos depois, lá estava eu, a procura de remanescentes da era “lampionica”, com suas preciosas lembranças. Histórias do Coronel, do “Dr” e principalmente sobre a “amizade” destes com o Rei do cangaço.

O velho casarío dos Carvalhos dividido em quatro casebres
Borda da Mata agora é um distrito. A velha sede ainda está parcialmente preservada. Ao seu lado as casas foram “se emendando” lado a lado com vista para o São Francisco. Sobrou pouco da vastidão de mata atlântica que predominava em toda região. Sim, apesar da proximidade com o Alto Sertão a Caatinga neste pedaço de Sergipe não compõe a paisagem. Chove regularmente, às vezes tanto que o alagamento é inevitável.

Não é açude nem lagoa! É resultado das chuvas
Realizamos duas visitas técnicas.
Comecemos pela cidade que tão bem nos acolheu.

Canhoba que já foi um povoado de Propriá fica a 124 quilômetros de Aracaju. As suas terras se situam à margem direita do Rio São Francisco. Possui 4.000 habitantes
Os primeiros foram os índios da tribo Cataioba. Segundo pesquisadores, Canhoba quer dizer em língua portuguesa “folhas escondidas”, uma planta medicinal usada largamente pelos indígenas. Uma espécie de planta que produz milagre. A palavra “Canhoba” é a junção de duas outras. Segundo o tupinólogo, Theodoro Sampaio, em seu Dicionário da Língua Tupi, “Can” quer dizer cânhamo, e “oba” é o senhor da terra. Cataioba e Curral de Barro foram duas denominações que esta terra recebeu.
Entre as festas religiosas, a principal é do Santo Cruzeiro. A partir de 7 de junho de 1910, quando a Santa Cruz foi edificada pelos freis Rocha e Anatanael ao concluir uma santa missão no lugar de todos os anos, a partir do seguinte passou a comemorar o Santo Cruzeiro, um testemunho de fé e religiosidade.

1ª Matriz da Cidade
O governador Eronides Ferreira de Carvalho é um dos filhos mais ilustres de Canhoba. Nasceu na Borda da Mata em 25 de abril de 1897. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 20 de Dezembro de 1917.

Foto oficial do Governo Eronides. Acervo de Luís Rubens
Nascido em São Braz, município de Alagoas, em 24 de março de 1873. Comerciante de primeira extirpe vocacionado para o ramo, iniciou sua carreira como caixeiro viajante. Daí o porquê do apelido.
Resolveu se estabelecer em Canhoba. Inicialmente tomou conta de uma loja na “rua da Bambá” hoje praça da matriz, estabelecimento que pertencia ao major “Bilé” de São Braz, seu patrão. Mais tarde de mero empregado aos poucos passou a ser um concorrente.
Enriqueceu como agiota, e como um comerciante incentivador da produção do algodão. E aí o simples caixeiro passou a ser influente senhor das terras de Canhoba e também de Gararu, Porto da Folha e outros locais do Sertão do São Francisco. Industrial, pecuarista, plantador e colhedor de arroz, milho, feijão e mandioca.
Casou com Balbina Mendonça de Carvalho, sergipana de Capela e com ela teve nove filhos. Da mãe do interventor pouco colhemos. Vejamos o depoimento de Antonio Norberto da Silva98 anos. 

Antonio Norberto da Silva, 98 anos
Natural do Pernambuco chegou a Borda da Mata com quinze anos de idade atravessando o velho Chico, fugindo da ira de um patrão que queria matá-lo por ele ter deixado escapar parte de um rebanho rio abaixo.
Disse-nos que “Dona Branca” apelido da Senhora Balbina era malvada com os empregados. Comportamento assinalado em todas as conversas que mantivemos. Seu Norberto conta que a patroa apesar de muito religiosa fazia uso de bebida alcoólica.
- “A cachaça piorava a brabeza da mulher”. 
Certa vez numa dessas crises, quando ele estava com as mãos erguidas pilando massa de milho, por pouco a patroa não lhe fura a barriga com um pequeno punhal, tudo por causa de uma resposta inadequada.
- Dona Branca geralmente deitava-se numa rede e pedia a uma das serviçais que fizesse massagem em seus pés. Era prontamente atendida, mas se a coitada cochilasse… Era ferida no rosto com um “pé de peru”. Isto mesmo, o membro da ave que ele a costumava por no sol para secar e enrijecer garantindo mais dor aos lerdos e desobedientes. 
A vizinha e velha amiga, Maria Chaves foi vítima do tal “pé de Peru”. Ela está viva, aos 104 anos de idade, muitas histórias teria pra nos contar por ter trabalhado diretamente na cozinha dos Carvalhos, porém na ocasião de nossas duas visitas encontrava-se enferma na capital.
Mancomunados com o Rei do Cangaço 
- Entre meu filho! – respondeu Dona Branca. E virando-se para o marido, que assomava a sala, explicou: Antonio é o capitão Virgulino que chega perseguido pelos soldados de Alagoas e pede pousada. Já mandei ele entrar.
É assim que o escritor Nertan Macedo que entrevistou Eronides descreve a chegada de Lampião na Borda da Mata numa madrugada escura de Agosto de 1929.
Não há registro de uma pousada anterior, o capitulo na obra “Lampião, Capitão Virgulino Ferreira” de Nertan é detalhado, descreve uma enorme hospitalidade para acomodar mais ou menos 20 cangaceiros que dormiam e se revezavam de sentinelas espalhados pela casa em companhia do casal.
Lampião conhecia “os Carvalho” desde a sua juventude. Quando percorreu a maioria dos caminhos que viria a fazer mais tarde como bandoleiro. Revendendo nas fronteiras de Alagoas e Sergipe, como simples almocreve conheceu a família. E agora já como poderoso chefe cangaceiro, aproveitou para visitar o Coronel.
Sabendo do poder do grande comerciante Lampião pediu abrigo e comida, sendo prontamente atendido, onde lhe foi autorizado o abate de rezes etc, mas que seus moradores e contratados não fossem molestados por seus homens.
Esta improvisada reportagem não pretende, e nem se quisesse iria conseguir elucidar esse grande mistério do cangaço. Se o chefe do executivo sergipano foi realmente o principal “Paiol do poderio bélico de Virgulino” é assunto secundário eu quero tratar da amizade e tolerância.
Os capitães se reconhecem

Eronides foi apresentado a Lampião em agosto de 1929, durante os dias em que se restabelecia de uma enfermidade na fazenda Jaramataia propriedade de seu pai no município de Gararu.
Algumas biografias dão conta de que esse encontro se deu “antes” de ele estar com Caixeiro. Outras que foi numa visita do interventor até a Borda da Mata.
A ordem dos fatores… Em ambas há um mesmo parágrafo: Trocam cumprimentos e o Dr. faz a Lampião uma indagação que entrou para galeria das “máximas cangaceiras”.
- “Então, como devo chamá-lo, capitão ou coronel? Porque eu também sou capitão e deve haver aqui uma hierarquia – como oficial do exército não posso ser comandado pelo senhor”.
Lampião compreendeu a malícia e replicou- “Pois desde já o senhor está promovido a coronel”.
Após o café Eronides presenteou Lampião com uma garrafa térmica e uma caixa de queijos importados. Naquele instante nascia uma estreita amizade. Lampião passou a tratar de negócios, queria munição especialmente para sua pistola Luger (Parabellum) cujas balas eram difíceis de encontrar.

Brinquedo preferido de Virgulino. Imagem meramente ilustrativa
Lampião e seus cabras na mais pura tranquilidade passaram quase todo ano de 1929 em Sergipe, circulavam da Borda para a Jaramataia.
Foram longas conversas, documentadas pela câmera fotográfica de Eronides, em 27 de novembro de 1929 em fotos que o cangaceiro posa de perneiras que compunham o uniforme do capitão Eronides. [Lampeão e seu grupo sentados], [Lampeão e seu grupo montados em cavalos], [Ponto Fino e Arvoredo], [Zé Baiano], [Moderno, Mariano, Arvoredo, Calais. E outros. Se Lampião e Eronides posaram juntos esse arquivo comprometedor foi bem escondido.


De pé: Ezequiel, Calais, Fortaleza, Mourão e o menino Volta Seca. Sentados : Lampião, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo.*Mariano foi omitido. Na original ele aparece esq. de Ezequiel. Até o momento não conseguimos scanear em boa resolução.


Zé Baiano *As imagens acima pertencem ao acervo de Luis Antonio Barreto
Por favor, um médico!

Foi através de Eronides que os cangaceiros conheceram as propriedades analgésicas do ácido-acetil-salicílico. Em dado momento perceberam que um dos cabras apresentava o rosto inchado e queixou-se de dor de dente. O Dr. trouxe-lhe o comprimido o qual inicialmente não ingeriu. Olhou para Lampião que fez um sinal de consentimento com a cabeça e em algumas horas tinha sua dor aliviada pelo comprimido. Uma aspirina.
Outra propriedade dos Carvalho que era pouso seguro para os cangaceiros era a fazenda São Domingos em Porto da Folha.                                    
E o relacionamento foi esquentando.
Billy Chandler, conclui: “Muitos acreditavam que Eronides e sua família não se limitavam somente a permitir que Lampião acampasse em suas terras, ou a mandar-lhe presentes de balas, ou mesmo usar sua influência para impedir que a polícia o perseguisse. Suspeitava também que eram seus principais fornecedores de Munição.”
Em 1935, Estado Novo de Vargas, Eronides elegeu-se governador do Estado. Desde logo, tornou-se entusiasta da emancipação de Canhoba.
A ideia pela emancipação iniciou-se antes de tornar-se interventor. Existia uma oposição em Propriá e na Assembleia Legislativa. Luiz Garcia era a principal figura pela não emancipação.
Se não tivesse ocorrido a implantação do Estado Novo, o projeto seria reprovado. Ele nem chegou a ser votado, pois Getúlio, no Rio de Janeiro, deu o golpe de Estado e os legisladores sergipanos foram cassados.
Eronides, já confirmado como Interventor Federal, aos 23 de Dezembro de 1937, dissolveu a Assembleia e criou o município de Canhoba.
Em 23 de Janeiro de 1938, Eronides, que tomou posse como governador em 1935, com o Golpe de 1937 foi nomeado interventor federal por Getúlio Vargas. O seu governo durou de 1935 a 1941.
"No governo de Eronides de Carvalho voltam à cena política as oligarquias ligadas ao setor açucareiro. O governo de Eronides de Carvalho torna-se altamente repressivo. A sua administração coincide com período do levante comunista ocorrido em 1935, conhecido como Intentona Comunista. A partir desse momento amparado pela de Segurança Nacional o governo de Eronides de Carvalho reprime toda e qualquer organização de trabalhadores, bem como, inibe através da coação a organização de uma oposição ao seu governo. Além disso, manda fechar jornais e entidades representativas e governa praticamente sem oposição. Nesse período sua administração implementa um governo de apoio às facções dominantes, sucateando a máquina do estado, trazendo como consequência a sua destituição do cargo". [ Ibarê Dantas]
Por que “Os Carvalho” não evitaram essa infeliz notoriedade?
Às mãos de Lampião, com ou sem proibição, durante todo o tempo armas e munições continuaram a chegar regularmente, por intermédio de políticos e militares corruptos, tomadas a força, através de contrabando ou “herdadas” dos soldados que tombavam em combates.
É claro que as fontes abastecedoras de Lampião eram mantidas debaixo de sete chaves. Todas as transações eram realizadas de modo confidencial, as entregas feitas por intermediários de alta confiança e efetuadas muitas vezes nas caladas das noites. Poucos entre os homens de Lampião, exceto os mais chegados, sabiam quais eram estes fornecedores.
A ex cangaceira Dadá disse que a identidade dos que forneciam armas ao capitão era segredo que ela sabia e que levaria consigo para a cova. Evidentemente ela, por ter sido mulher de Corisco e comadre de Lampião, muito deve saber. Após 50 anos do começo do esfacelamento do cangaço, no entanto ela recusara fornecer nomes argumentando que não ia delatar “quem lhes sustentava”.
Quando os carregamentos com armas e munições eram entregues a Lampião, ele em pessoa fazia a distribuição entre seus homens e as revendia para os subgrupos. O restante era armazenado para futuro suprimento, guardado em garrafas e metidas nos ocos dos troncos das árvores, ou enterradas nas áreas por onde os bandidos costumavam transitar. FONTE, Oleone Coelho, págs. 322,323.
A suspeita foi levantada a partir de indícios contundentes.
Oficiais como Zé Rufino recolhiam as cápsulas dos cangaceiros após as lutas e constatava que estas eram sempre novas, fabricadas a dois no máximo cinco, anos anteriores enquanto que as balas disponíveis para as Volantes eram dez ou até vinte anos mais velhos.
Em comunhão com a pesquisa de Cesar Megale e Sabino Bassetti no seu livro “Lampião, sua morte passada a limpo” também acreditamos que estas balas não chegavam a passar pelos depósitos da policia. Eram fresquinhas, diretamente para as mãos do Rei. (FALTOU A PÀGNA DO LIVRO DE MEGALE E BASSETTI).
Balas do ultimo tipo não eram fácil de ser adquiridas no nordeste, sobretudo em vilas, povoados e lugarejos isolados nas caatingas. As de uso militar, clandestinamente, só eram encontradas no Sul do país.
Para tê-las, pois em grande quantidade, só por intermédio de alguém de influência. Os Brittos e os Carvalhos de Sergipe, certamente eram os mais prováveis.
O cangaceiro Volta Seca, sergipano de Itabaiana, preso em 1932, iniciando sua carreira de falastrão se encarregou de apontar Francisco Porfírio e seu filho Hercilio de Britto. E do lado baiano o coronel João Sá de Jeremoabo. FONTE, Oleone Coelho, págs. 322,323.

1ª página Correio de Aracaju, 5 de Novembro de 1929.
Voltamos a 1935 
Criticado e perseguido pelos seus opositores que eram maioria na Assembleia Legislativa ele aparece na imprensa oficial do Estado condenando o cangaço e os seus colaboradores, e cobrando um fim para esse flagelo.
Apresentava estratégias para combater o banditismo. Mas sempre protestando por conta da verba destinada pelo Governo Federal para esta campanha. E tentava amenizar os críticos lembrando que naquele período os crimes de Lampião e seus asseclas se resumiram em “sacrificar animais”.

Jornal Folha da Noite (atual Folha de São Paulo) 17 de fevereiro de 1936. Pág. 43.
No dia 2 de julho deste mesmo ano o interventor chegou a assinar um pacto de cooperação e ação com os outros Estados que conheciam a fúria do Rei do cangaço.

Eronides a direita. Entrevista para a Folha da Manhã, São Paulo.
Em 7 de Setembro de 1936 na mesma tribuna ele comunica com euforia a eliminação de Zé Baiano no povoado Alagadiço – Frei Paulo, SE.
Para os bandidos diminuiu evidentemente o crédito do coiteiro sergipano em virtude das circunstâncias e dos elementos participantes da eliminação de José Baiano”.
Após a morte de Lampião em Angico, novas notas foram veiculadas pela imprensa destacando este acontecimento em Alagadiço, como prova de que a Força do Estado comandada por Eronides atuou severamente contra o cangaceirismo. Travando uma guerra constante matando diversos entre eles.
Quem já leu este episódio sabe que Zé Baiano foi morto por “coiteiros civis” que o traíram. As autoridades só tomaram conhecimento vários dias depois.
Até dia 28 de Julho quando se dá o extermínio de Lampião, a policia sergipana não registrou a morte de “nenhum de seus cangaceiros”. As cabeças que aqui rolaram foram troféus dos Nazarenos e outros oficiais de Pernambuco, dos alagoanos e baianos.
Com Eronides na capital cabia a seu Antonio cuidar das feras no sertão.
Era 1938. As autoridades alagoanas sabiam que os últimos três anos de Lampião foram de idas e vindas às fazendas dos Carvalhos. O Jornal de Noticias da Bahia espalhou pelo nordeste inteiro de que ele havia morrido em Janeiro de tuberculose.
Não localizando o governador jornalistas cobravam explicações de seu Antonio Caixeiro. Este procurando defender a integridade do seu filho bradava que “A partir do momento em que Eronides assumira o governo, Lampião não pisara no Estado, quiçá em nossas terras”.
Ora negava, ora assumia em afirmativas inconsequentes.
Eloy Mauricio, comerciante de Girau do Ponciano, AL. que teve seus armazéns saqueados por cabras de Lampião em abril daquele ano. Procurou o velho amigo e conterrâneo Antonio Caixeiro para que este intercedesse ao grande chefe. Caixeiro respondeu que sua influencia sobre Lampião… se estendia somente a Sergipe.
Que espécie de influencia era esta que permitiu inúmeros crimes e perversidades nos povoados e cidades vizinhas. A amizade de Lampião com os Carvalhos não garantia trégua dos sequazes na região. Certamente não havia recomendações.
Existem relatos de terras tomadas pelos bandoleiros e doadas para o fazendeiro e outras histórias apócrifas que não podemos dar vazão.
O que é fato amplamente registrado na literatura é o desrespeito com as famílias do Sertão, baixo e Alto São Francisco. Contanto que não fossem moradores da Borda ou da cidade clientes ou funcionários em potencial. Isso sem falar de Frei Paulo, Pinhão, Simão Dias, Capela, Dores etc.

Proximidade entre os municípios citados nesta matéria
Vejamos as depoimentos de quem estava lá naqueles dias
Acompanhado do amigo Magno Ferreira visitamos alguns ex empregados de Seu Antonio, testemunhas vivas desta época a fim de colher possíveis relatos de abusos o quem sabe conivência do patrão em castigos impetrados pelos cangaceiros.
Entre os remanescentes a opinião foi unânime,
- Sei que o coroné Antonio foi “Um santo”. Deu abrigo, emprego, comida, foi o padrinho de batismo de centenas de pessoas.
Nos relatou Gedalva Nunes de Oliveira, A dona “Dalva” 97 anos, natural de Caraíbas dos Nunes, Alagoas. Mais uma das muitas afilhadas de Antonio Caixeiro.

Gedalva Nunes de Oliveira
- Meu padrinho socorria a pobreza, mas com interesse né? (Risos), tudo na base do juro viu?. Ele emprestava digamos 8 alqueires de arroz pra o cabra cultivar, mas o sujeito tinha que lhe devolver 9 (Risos).
E o Dr. ?   
- Ah! era um homem bonitão, charmoso, gentil demais. Tratava de todos os conterrâneos. Ele me curou de uma pneumonia… e narra toda a ocasião.
De repente Dona Dalva lembra vagamente da passagem de Lampião a caminho da Borda da Mata pelo povoado Sítios Novos onde ela morava. Uma mocinha junto com sua irmã correram para se esconder nos matos.  
- Mas Lampião respeitava a cidade sabe?. Não passava por dentro “do” Canhoba. Só que uma vez ele mandou um recado pra uma senhora do qual não recordo o nome, sei que ela era costureira e varava a noite a costurar sob a luz de um candeeiro. E ele mandou um jagunço de seu Antonio dizer que ela procura-se dormir mais cedo, pois era a única que estava sempre acordada. Podia ver assombração. Se ele via ela trabalhando então o bicho passeava por aqui né ?(Risos).
Contou sobre a sua amiga Isaura que foi uma das vítimas de Zé Baiano em Aquidabã: 
- A pobrezinha foi deflorada e ferrada na face e nas nádegas pelo bicho, muitos anos depois ela com a família vieram morar na cidade, já morreu faz anos, hoje não existe nenhum parente vivo.
Terror na vizinhança
Foi também em Aquidabã, Outubro de 1930 que “José do Papel” 22 anos morador do povoado Cajueiro foi pego, surrado e teve uma das orelhas cortada pelos cabras.

José Custódio de Oliveira "Zé do Papel"
No centro comercial, em frente ao Armazém de Maximiano Calango, o grupo matou a com um tiro Souza de Manoel do Norte um deficiente mental que protestou contra as depredações e ousou sacar de um canivete representando “uma ameaça” para dezenas de fuzis e revólveres. Segundo a literatura Souza de Manoel teve o abdômen aberto a punhaladas e as vísceras expostas.
Nesta mesma incursão o lavrador Eduardo Melo apanhou também teve uma orelha decepada e veio a óbito um mês após por conta dos ferimentos.
Em Amparo do São Francisco na época também um povoado de Propriá bem próximo a Canhoba o armazém dos bisavós da nossa anfitriã Dayana foi saqueado por quatro cabras. Tomaram não só a mercadoria como todas as jóias que dona Maria da Conceição tentou em vão esconder entre os próprios seios.

A bela Maria da Conceição Evangelista da Cruz Cortesia de Dayana Ferreira
O produto deste roubo foi deixado sob a guarda de um coiteiro que diante da demora em retorno destes cangaceiros, numa atitude justa, mas logicamente insana resolveu devolver toda a mercadoria a seus respectivos donos. Inclusive um punhal que estes deixaram entre os pacotes. E os cabras realmente nunca voltaram para resgatar o apurado.

O punhal
Cruzar caminho de cangaceiro… era problema de cada um 
Lembram-se da clausula de não bulir com os vaqueiros de seu Antonio? Conheçam o caso do cabra Novo Tempo, sergipano de Poço Redondo, irmão da cangaceiraSila. Em fins de 1937 no ultimo grande combate, da fazenda Crauá ou “Fogo da lagoa de Domingos João” em Canindé (a época território de Porto da Folha). O grupo de Zé Sereno enfrentou as volantes de Zé Rufino e Cabo Besouro.

Zé Rufino em 1938. Acervo de Rubens Antonio
Ferido no braço este cangaceiro foi inicialmente socorrido pelo jovem Leônidas, filho da coiteira Delfina da fazenda Pedra D’água. Pensando estar em condições de seguir viagem pediu um cavalo ao colaborador.

Leônidas em foto de 2006. Acervo de Leandro Cardoso Fernandes
Sendo atendido, rumaram dois dias até bater em outra propriedade de… Antonio Caixeiro. A fazenda Pau Preto.
Lá ele procurou a casa do vaqueiro António José ou António “dos pau preto” um velho conhecido da cabroeira que recebera ordens do patrão para servir as ordens do capitão e sua gente.
E ali estava uma emergência: Novo Tempo, sozinho, ferido, ensanguentado, faminto, mas com os bolsos abarrotados de réis.
Ao invés de levá-lo imediatamente para dentro da casa ele arrastou o cangaceiro para uma clareira próxima, notou os valores em dinheiro, sacou seu revolver 32 e atirou na altura do ouvido de moribundo.
Quando pensava iniciar a rapinagem ouviu um tropel que se aproximava e correu da cena. Para seu espanto eram os cabras Juriti, Balão e outro que estavam à procura do companheiro.
Perguntaram que disparo havia sido aquele, António desconversou disse que tinha sido numa cobra apontando exatamente para o local onde estava Novo Tempo. Desconfiados os cangaceiros foram checar esta informação. Neste meio tempo o vaqueiro traidor montou no seu cavalo e desembestou rumo ao encontro do patrão que estava em outra fazenda, a Santa Filomena, perto dali.
Os cangaceiros ao chegarem à clareira encontraram somente um filete de sangue que marcava a trilha de alguém que se arrastou. Seguiram e encontraram Novo Tempo saciando a sede num charco onde os animais bebiam água.
Pegaram o companheiro, antes retornaram a fazenda e perceberam que o vaqueiro não estava, mas nem por isto tiveram a suspeita. Chegando a fazenda Mandassaia foram recebidos por Zé Sereno cunhado do ferido que imediatamente prestou socorro ao colega, a esta altura mais debilitado que nunca.
Este foi tratado com os recursos do mato e experiência de Zé Sereno na troca periódica de curativos.
Recuperado. Novo Tempo contou o sucedido aos companheiros. Contou que o buraco no braço foi no Crauá. Já o do pescoço…
Aí a ordem era exterminar o vaqueiro do coronel. Que aquela altura já tinha revelado o fato a seu Antonio Caixeiro que o preparou dizendo:
- Você que se meteu nessa enrascada que sai dela. Sua família eu ajudo, mas você não, não dou um tostão por sua vida. 
O caso é que António não fugiu, retornou a lida na fazenda, naturalmente desconfiado, mas certo de que Novo Tempo não havia sobrevivido a um tiro a queima roupa na “broca dos ouvidos”.
E além do mais por que Juriti e os outros não iriam lhe atribuir a culpa. Eram tantos os ferimentos do combate do Crauá que ninguém daria conta que aquele foi um acréscimo de sua parte. E tocou a vidinha pra frente.
Até que certa manhã foi até o curral ordenhar as vacas e de repente se viu cercado e aprisionado pelos meninos do Capitão.
Amarrado de ponta cabeça na mesma clareira que pensou ter matado Novo Tempo lhe fizeram de “pendulo humano” e balançado de um lado para o outro cada cangaceiro lhe recebia com uma estocada de punhal.
Sangrou até morrer servindo de exemplo pra os que ousassem trair os cabras de Lampião.
Passado algum tempo Zé Sereno contou a Antonio Caixeiro sobre a sentença de seu vaqueiro, este repetiu o que havia falo para o mesmo.
– Eu não levantaria um dedo para defendê-lo.
Muito tempo depois logo após as entregas Sereno pergunta ao cunhado:
 - Cunhado você não está estranhando este caroço no seu pescoço?
- Estou sim…
Zé Sereno então diz que é a bala de “António dos Pau Preto” e pergunta se Novo Tempo quer que ele extraia a bala. Com o consentimento Zé pega uma faca bem afiada derrama cachaça e extrai a bala que entrou pelo ouvido cujo projétil o corpo estava rejeitando.

Novo Tempo. Morreu de velho em Minas Gerais.
Clamor por Justiça
Os desmandos e truculências não se restringiam aos mais humildes. No município de Itabi seu “Niro da vassoura”, importante usineiro de cana de açúcar recebeu intimação para que providenciasse dinheiro para um dos subgrupos. Sem condições de atender a quantia ele fugiu antes da chegada dos bandidos, que não encontrando o proprietário e sem respostas mataram todas as rezes e atearam fogo na casa.
A revolta de seu Niro diante da negligência da justiça se fez ecoar na capital federal. E nosso interventor começava ser pressionado pela imprensa carioca.
Corria nos “diários” do Brasil afora que “As forças sergipanas faziam vista grossa. Evitavam os bandidos fazendo com que Lampião ficasse inteiramente à vontade pra organizar sua rede de coiteiros”. 
Nota veiculada pelo Correio de Aracaju em 26 de Junho de 1937


Enquanto isto no agreste…

Mais depoimentos

Por eterno respeito e gratidão ao patrão, dois dos nossos entrevistados pouco ou nada mencionaram sobre Lampião, nem sobre desmandos. Um destes que não nos autorizou divulgação de seu nome não negou que o coronel realmente gozava da amizade com o grande bandoleiro, e tinha seu “exercito pessoal de jagunços”. Natural para qualquer coronel que se preze.
Mauro Valentim dos Santos, 77 anos morador da Borda da Mata: 

Mauro Valentim dos Santos
- Pra inicio de conversa: Seu Antonio mesmo nunca matou ninguém viu? Apadrinhou muitos assassinos que procuravam abrigos em suas terras. Era uma jagunçada da peste… Eles estavam aqui pra pastorar os arrozais, era pra mais de cem caboclos, às vezes havia rixa e morte entre eles mesmos. Faziam o serviço e enterravam por aí pela mata.
Perguntei a ele se estas vítimas jaziam no“Apertado da hora”. (Um leito de riacho seco, cortado pela estrada de acesso à fazenda na época pelo meio da mata fechada. Que foi desova de cadáveres julgados e sentenciados da Borda da Mata podemos considerar que é um cemitério, sem covas nem sequer cruzes). O “Apertado da hora” por muitos anos foi um trecho temido pelos moradores que precisavam passar altas horas da noite, são muitas as estórias de assombrações a beira da estrada.
- O povo fala… não é do meu tempo, devia ser ali mesmo. Mas lhe digo que era briga entre jagunços rapaz era muita intriga entre eles, geralmente arrastavam inimigos de outras cidades, ou daqui da redondeza pra matar aqui. 
Seu Mauro conta o que ouviu dos mais antigos: 
- Nestes últimos anos, só frequentava a Borda da Mata o capitão. Os demais ficavam acoitados na “Gruta do morador” (um coito que fica a dois quilômetros da sede da fazenda). A polícia de Alagoas uma vez chegou pelo rio com indícios de que seu Antonio estaria protegendo… Depois da negativa os soldados foram convidados pra janta, depois foram embora sem insistir na busca. E Lampião estava deitado num quarto ao lado ouvindo toda a conversa.

A seta indica a localização da gruta do morador.
Abre sua defesa pelo médico: 
- Ói sobre esta conversa de munição. As balas que Eronides mandava tanto pra Borda ou pra Jaramataia era para o pai, seu Antonio, que era para a jagunçada dele, mas só que o Coronel desviava metade para Lampião sem ele (Eronides) saber. Era assim: O Coronel é quem enchia os cartuchos do capitão, nunca o doutor. Compreende?. .. 
E finaliza jogando a “batata quente” para o velho Caixeiro. 
- E tem mais: Lampião recebia muita munição. Mas não era de graça, Lampião pagava, ora emprestava ou simplesmente deixava seu próprio dinheiro sob a guarda dele, assim como de outros coronéis como João Maria de Serra Negra. Esses coronéis eram os bancos né? 
Depoimento de Leôncio Rocha, 86 anos.
O criador da “Junça de Canhoba” uma cachaça artesanal até aí nada de anormal, mas a embalagem das garrafas pet são adornadas por notícias de jornais e filosofias populares.

Leôncio Rocha
- Nunca fui empregado de seu Antonio. Com 13 anos de idade eu estudava, era encarregado de recolher o pagamento semanal de minha professora que era feito por seu Antonio. Eu ia até Borda da Mata só pra buscar o ordenado dela. Levava um bilhete explicando o valor e ele prontamente me atendia colocando os $2 mil réis num envelope, depois num bolso da minha camisa e prendia com um grampo para que as notas não voassem.
Eu conversei com Seu Mauro e ele me disse que a jagunçada de Antonio Caixeiro era só pra pastorar plantação de arroz?
–Antonio Caixeiro não brincava com cabra safado, tinha seus desafetos (Risos). Se soubesse de algum empregado mal intencionado que estava ali pra lhe prejudicar dava as ordens e seus meninos resolviam o problema. Era pra matar, longe da borda e da cidade. 
Lembro que curiosamente “o Apertado” fica ao meio a distancia das duas localidades.
E sobre as balas? Eram repassadas escondidas do filho?
- O Dr. dava de bom grado não podia recusar devia obediência ao velho pai. Benção e obediência é duas palavras sagrada pro sertanejo seu moço.
Um morador da cidade a pedido de nosso guia nos conta que conheceu pessoalmente o senhor Manoel Macola, já falecido. Nunca escondeu dos mais chegados que serviu como pistoleiro do Coronel e um de seus serviços mais constantes era de enterrar vivo o sujeito.
Por pouco não virou cangaceira
Na nossa segunda visita, acompanhados pelo Dr. Arquimedes Marques e sua esposa, Dra. Elane, tivemos a oportunidade de conversar com uma importante testemunha das ocorrências cangaceiras.

Dona Laudicéia
Laudicéia Gomes de Matos86 anos. Ela nos recebeu em sua casa, mas a princípio, não quis mexer no passado. Trata-se de uma passagem desagradável daquelas que permanecem indeléveis na memória.
Em 1937 ela era uma adolescente de 12 anos, menina moça, cabelos compridos, gordinha, aparentava ter mais idade. Morava nos Sítios Novos, (mesmo povoado citado anteriormente por dona Gedalva).
Recorda que eram 13 horas da tarde, cuidava sozinha da bodega de seu tio. De repente do balcão ela percebe a inquietação dos moradores, viu a aproximação de um grupo de homens fardados, chapéu, armas etc. pensou que se tratava de uma força, mas eram cangaceiros.
Nada demais, a menina sabia que os cabras de Lampião não fazem mal a ninguém das terras de seu Antonio?!
Eis que um deles fitou a mocinha e foi em direção ao estabelecimento com um sorriso sarcástico.
Um senhor, que bebia percebendo o perigo que a donzela corria deu um sinal com a cabeça para que ela corresse, demorou pra perceber a instrução, mas assim que notou “fez carreira”. Perseguida pelo assecla (um negro cujo nome ela nunca soube qual era) correu e se abrigou nos fundos do cemitério despistando-o.
Depois que percebeu que estava segura rumou para casa. Lembrando que os pais estavam ausentes trabalhando na roça foi se abrigar na casa de uma tia.
Estes mesmos cangaceiros após cometerem saques partiram para o povoado Poçãozinho, onde houve pequena refrega com uma força. Segundo Dona Laudicéia houve uma baixa do lado dos cangaceiros, o que não pode ser confirmado.
Dias depois soube ela que o “cabra solteiro” a queria como companheira e havia confessado isso a um morador da vila. Se esta era a real intenção não se sabe, graças a sua astúcia ela não foi mais uma vitima de estupro.
Dona Laudicéia não teve sossego, ainda passou muitos dias escondida com familiares, hora nas matas, ou nos fundos da casa. Até ter a certeza de que Canhoba estava livre pelo menos dos cabras de Lampião.
Esta certeza só veio muito tempo depois de Angico
No histórico 28 de Julho de 1938 Eronides se encontrava no Rio de Janeiro. O jornalCorreio de Aracaju de 05 de Agosto de 1938 faz a reprodução da seguinte matéria:
Procurado às 22 horas do dia 28 no apartamento 105 do Palace Hotel por um repórter dos Diários associados, para responder sobre a morte do grande bandoleiro o governador do estado simplesmente ”desconhecia o fato”. 
O governo dispunha de uma estação de rádio em Monte Alegre cidade situada a 19 km de Poço Redondo que deve ter feito o comunicado oficial para o palácio em Aracaju. 
Em seguida Eronides teria recorrido a policia civil do Distrito Federal para passar a seguinte mensagem via rádio: - Mande noticias urgentes e detalhadas sobre a morte de Lampião no nosso território… 
A mensagem foi transmitida pouco depois da 22 horas e trinta. Porem até às 24 horas a resposta ainda não havia chegado.
Sobre o feliz acontecimento ele ainda não poderia responder. Mas lembrou aos cidadãos do sudeste que:
Sergipe nunca se descuidou do problema da perseguição ao grupo de Lampião. Para tal, mantinha seis turmas volantes de 16 homens, cada uma no encalço do bandido, cerca de 500 homens da força publica espalhados pelo interior, colaboravam na perseguição. 
 - Caso seja confirmada a noticia, é motivo de jubilo para as populações nordestinas. Ressurgirá a tranquilidade da família sertaneja. 
Apresentou orçamentos que apontavam gastos de $200 contos de réis para manutenção das Volantes que perseguiam o rei do cangaço.
30 de julho, dois dias depois, o jornal Folha da Manhã ainda apresentava dúvida quanto ao fato, todavia na coluna ao lado estavam impressos telegramas de Maceió que davam como certa a tragédia.
Em 1° de agosto finalmente o Sergipe Jornal publicava um telegrama de Eronides que ainda se encontrava no Rio de Janeiro.
RIO, 30/08/38 INTERVENTOR FEDERAL Sergipe Aracaju – Congratulo-me com o povo sergipano pela volta, nossos sertões, da tranquilidade, tão desejada para nosso crescente desenvolvimento. Abraços. 
Não localizamos alguma possível declaração do velho Antonio Caixeiro sobre a morte de seu mais ilustre hóspede. O Sr. Zé Rosendo, disse que o Coronel foi ver as cabeças e como muitos outros não acreditou se tratar de Lampião.
Vale ressaltar que a força alagoana resolveu agir em solo sergipano sem comunicar qualquer manobra às autoridades.
Fatos posteriores
Então mãos a obra.
Após a renúncia em 1941, Eronides fixou residência no Rio de Janeiro. Foi nomeado para Juiz do Tribunal de Segurança Nacional e, em 1944, é nomeado Tabelião do 14º Ofício de Notas e Notas situado até hoje no bairro de Copacabana, administrado por seus herdeiros.
O coronel Antônio Caixeiro tomou posse como primeiro prefeito de Canhoba, exercendo o mandato até 1941. Nesse primeiro mandato, ele inaugurou o mercado, a prefeitura, as Escolas Reunidas “Hermes Fontes”, (Hoje Escola Estadual Dr. Eronides de Carvalho) a matriz paroquial de “Senhor Bom Jesus dos Pobres”, a Exatoria Estadual, os açudes municipais, a agência dos Correios e Telégrafos.
Com a redemocratização do país, o coronel Antonio Ferreira de Carvalho fora novamente eleito Prefeito Municipal, pelo voto direto e universal, para o quatriênio 1947 a 1951. Porém, em 1948, faleceu acometido de doença grave.

O seu mausoléu no Cemitério de Canhoba. Onde fora sepultada em 1946 a inesquecível D. Branca e também alguns dos seus filhos.
E a possível novidade? 

Uma imagem inédita na literatura. Foto artística de Antonio Caixeiro quando prefeito. A original não existe, pois fora consumida por um incêndio na década de 70. Acervo de Lauro Rocha.
Dona Branca e seu filho Eronides Ferreira de Carvalho
 Acervo de Jaéliton Moura

Em 1960 Eronides construiu na Borda da Mata uma mansão a beira do velho Chico. Depois passou a ser casa de veraneio de sua filha Martha quando vinha a terra de seus avós.
Está abandonada a pelo menos quinze anos. Soubemos que agora pertence à paróquia que pretende instalar um serviço de apoio aos assentados. Arquitetura imponente serve de morada para vespas, cupins e morcegos.


As ruínas da mansão
Eronides morreu aos 73 anos em 18 de Março de 1969 no Rio de Janeiro onde está sepultado.

Eduardo Ferreira de Carvalho o “Eduardinho” Foi o ultimo dos filhos de Antonio Caixeiro a falecer em 19 de Novembro de 2010 aos 98 anos.
Do rico patrimônio dos Carvalhos só resta mesmo as lembranças dos seus contemporâneos. Foi tudo vendido ou desapropriado ao longo das décadas. A Borda da Mata é propriedade do MST. Outra extensão da fazenda pertence a um pecuarista da cidade. O antigo casarão de seu Antonio no centro deu lugar a uma agência banco do Estado de Sergipe.
Quanto a Jaramataia, aí é outra história.

Abraçando a todos e obrigado pela paciência.
*Kiko Monteiro é… um botador de gás, nada mais.
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FONTES CONSULTADAS
Bibliografia:
MACEDO, Nertan. 
Lampião – Capitão Virgulino Ferreira
Editora: Renes Ano: 1975
CHANDLER, Billy Jaynes 
Lampião – O Rei dos Cangaceiros.
1ª edição, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1980.
FERNANDES, Leandro Cardoso – ARAÚJO, Antonio Amaury Correia. 
Lampião a medicina e o cangaço.
Traço Editora, São Paulo/2005
FONTES, Oleone Coelho.
Lampião na Bahia
3ª Edição. Editora Vozes, Petrópolis/RJ, 1999
BONFIMLuiz Ruben F. de A. 
Lampião e os interventores
Graf Tech, 2007.
DANTAS, Sérgio Augusto de Souza 
Lampião – Entre a Espada e a Lei
Edição do autor, 2008.
SOBRINHO, Antônio Corrêa
O Fim de Virgulino Lampião
Edição do autor, 2008
BASSETIJosé Sabino / MEGALE, Carlos César. 
Lampião – Sua morte passada a limpo. 
Editora Nova Consciência, São Paulo, 2011.
MELLO, Frederico P. de. 
Estrelas de Couro – A estética do cangaço
Escrituras 2010

Textos, jornais e websites
Sertão Sangrento: Luta e ResistênciaJovenildo Pinheiro de Souza.
Blog Outra Versão página de Marcelo Domingos de Souza
Antônio Ferreira de Carvalho por Lauro Rocha de Lima, Advogado aposentado, filho de Canhoba. Escritor filiado ao Movimento de Apoio Cultural da Academia Sergipana de Letras.
Centenário de Eronides de Carvalho. Excelente resumo da sua trajetória politica pesquisa do Prof. Milton Barboza da Silva disponível no Blog do autor
Lampião em Sergipe II. Luis Antônio Barreto in Infonet
Jornais locais - Acervo digitalizado do Instituto histórico e geográfico de Sergipe.
Jornais Folha da noite e Folha da Manhã Acervo Folha
Blog Outra Versão Página de Marcelo Domingos de Souza
Agradecimentos e créditos especiais
Pelo empenho, atenção e amizade dos nossos anfitriões a Família Ferreira,Dayana, Sr. Magno (nosso guia local), Sra. Erivania e Magno Filho.
Simão, secretário de Cultura de Canhoba.
Aritana (filha de dona Laudicéia)Ao pesquisador e confrade Dr Arquimedes Marques no afã de obtermos esta fotografia do célebre Antonio Caixeiro junto ao pesquisador Lauro Rocha e a sua esposa nossa amiga Dra. Elane Marques pela companhia em nossa segunda incursão.
E a messier Rostand Medeiros pelo olho clínico e revisão.
Aos Nossos Leitores do TOK de História 
O amigo Kiko, da cidade de Lagarto, em Sergipe, é uma das mais éticas e competentes figuras que conheço no meio de pessoas que estudam o fenômeno do cangaço. A anos mantém o blog “Lampião Aceso”, a mais importante fonte de informações atualizadas sobre o assunto na internet e onde publiquei meus primeiros artigos sobre. Kiko sempre me apoiou e incentivou a seguir adiante. A tempos pedia a ele para publicar as suas pesquisas feitas em busca dos rastro dos cangaceiros  no sertão sergipano e agora está chegando este material. Nunca duvidei da capacidade deste cidadão e boas coisas virão no futuro.

 EXTRAÍDO DO BLOG

TOK de HISTÓRIA – ROSTAND MEDEIROS

Várias Informações, Toques, Sobre a História Potiguar, Segunda Guerra, Cangaço, Aviação e Muito Mais

AS MINAS DE FERRO



No alto da serra um mistério,
que ninguém jamais descobriu,
agora entretanto, encontrou-se minério,
ferro pra enriquecer o Brasil!


Ferro de qualidade,
encontrado quase à flor da terra,
que certamente fortalece a cidade,
bem pertinho da misteriosa serra!



Quem dera também tenha ouro,
indícios de bronze, de zinco e de prata,
sabendo-se que a serra é um tesouro, 
em  procura da Borta da Mata!


Que venham as mineradoras,
explorar este potencial,
uma nova fonte de riqueza,
baseada no cobiçado mineral!


Nas terras da Catingueira, do Retiro e da Tabanga,
no sub-solo não pesquisado do Batatal
nas profundezas da Serra da Melancia,
  as fortunas do reino mineral!


Se tudo for verdadeiro,
salve Canhoba, Lourdes, Gararu e Escurial,
instale-se logo canteiro,
pra explorar  a riqueza do metal!


                                                                                       Lauro Rocha de Lima