A ilustre filha e cidadã canhobense, JEOVANETE
VIEIRA TORRES, nasceu na sede do município de CANHOBA/SE aos 04/10/1934 e
faleceu aos 02/06/2015, aos 80 anos, no Hospital de Urgência de Sergipe, na
capital estadual Aracaju/SE, devido a um infarto do miocárdio, após uma semana
internada, por ocasião de um primeiro infarto, que pruduziu a queda no quarto
de sua residência.
Era filha primogênita de Temístocles da Rocha
Torres (Rochinha) e Maria Vieira Torres, também canhobenses. Seu pai era um dos
meio-irmãos de Antônio Torres Neto – oitavo
prefeito municipal de Canhoba – (1954-1958). Ela honrava suas origens e
a começar pela sua família, principalmente, aos seus pais.
Casou-se aos 17 anos, em 06 de janeiro de
1952, na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Pobres, de sua cidade Natal, com seu
primo em segundo grau José Moura Rocha (neto do seu tio-avô paterno, Gerônimo da Rocha
Torres), e com ele formou uma família de 12 filhos (embora tenham
gerarado 20 filhos), que lhes deram 21 netos, e 8 bisnetos até o momento de sua
morte (que hoje, em janeiro de 2022, já são 17 bisnetos). Os quais se
orgulhavam e agradeciam a Deus por ser sua família considerada um exemplo de
boa educação e dos bons princípios.
Mulher de postura e elegância invejáveis, de
pele branca e face rosada e aveludada, destacava-se sempre que era desafiada e
ao lado do seu marido fez história no meio social e no comércio local, afinal,
ela era a mulher de "Zé Moura" que se destacou como agropecuarista,
marchante
e na venda de carne bovina e de leite, e mais tarde, também, no comércio
interestadual de bovinos.
Responsabilidade, independência, respeito ao
próximo e à natureza, eram seus princípios, que foram convertidos em seu lema.
Assim, criou sua grande família nessa linha. Seus filhos seguem o mesmo
caminho, tanto no comércio como no campo da educação e religiosidade.
Fiel devota do Sagrado Coração de Jesus e da
Virgem Maria pela Sua Imaculada Conceição e pelas Aparições em Fátima-Portugal,
para a qual ajudou a arrecadar fundos para a compra da Imagem que se encontra
na Igreja Matriz, ela produziu e dirigiu várias peças teatrais e as apresentou
em ato público ou de forma privada com arrecadação transformada em donativos
para a reforma de igrejas, produção das festas religiosa e educacionais, bem como,
para as pessoas mais necessitadas. Foi também catequista da Igreja Católica,
Presidente e Mãe Espiritual do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus
por vários e vários anos. .
Apesar disso, por motivos outros que ela
depois veio a declarar não saber, deixou a Igreja Católica durante um período
de 14 anos. No qual transitou por igrejas evangélicas de outras denominações
cristãs como Universal do Reino de Deus, em Propriá e em Aracaju, a da Graça,
em Aracaju, e frequentou a da Assembleia de Deus, em Canhoba. Foi na Cerimônia
da Celebração da Páscoa, em abril de
2014, que ela retornou à Igreja Católica e após uma copiosa preparação
auxiliada e ministrada pelo Pe. Murilo Morais Silva, Pároco naquele momento, renovou
sua promessa do Crisma - Confirmação do Batismo pela Ação do Espírito Santo, na
Fé Católica, realizada na mesma Igreja Matriz do Bom Jesus dos Pobres, onde ela
foi batizada, crismada e casou-se. Faleceu fazendo o que mais gostava: contando
e cantando historinhas para as crianças no catecismo
Desde a mais tenra idade se destacava nos estudos e na boa conduta frente à sociedade da época, estudou o Curso Primário na Sede das Escolas Reunidas "Hermes Fontes", mais adiante Grupo Escolar "Hermes Fontes", hoje Escola Estadual "Dr. Eronildes Ferreira de Carvalho". Durante o período de 1972-1978, foi diretora dessa mesma escola já denominada Grupo Escolar "Hermes Fontes", dentre os vários projetos que desenvolveu, um deles merece destaque, pois foi com a participação de alunos e professores na criação de uma horta, em uma parte da área do jardim da escola, que os produtos dessa horta, serviam para incrementar e variar o cardápio da alimentação escolar, além de se servir de aulas práticas, promovendo já naquela época a interdisciplinaridade, quando ainda nem se utilizava esse termo na educação. Cursou é formou-se em Corte e Costura. De 1974 a 1977 cursou as demais séries do antigo Ensino do 1° Grau (hoje, Ensino Fundamental) e o Ensino do 2° Grau Profissionalizante, denominado Pedagógico (hoje Ensino Médio e Ensino Profissionalizante), através de um Programa Especial Federal de Equivalência de Ensino para Formação de Professores, que, no âmbito estadual, foi administrado pela SEC/SE - Secretaria de Educação e Cultura de Sergipe (que passou a ser chamada de SEED, e hoje é denominada SEDUC), nos períodos de férias escolares, o qual ela cursou na DER-06 em Própria/SE, sendo ao final homenageada por destacar-se com maior média geral e concluí-lo "Com Louvor"! Aposentou-se em setembro de 1980, mas sua contribuição para a educação, arte, cultura, política, cidadania e religiosidade locais, sempre permaneceu na ativa, uma.vez que, recorrentemente, seus ex-alunos estavam à sua porta pedindo orientação ou ajuda em seus trabalhos escolares/universitários, para os quais ela foi sempre solicita e disponível, contribuindo dentro de sua limitação escolar da melhor forma para o êxito pessoal e/ou profissional de todos eles.
Ela, sempre muito dinâmica, era também muito
conhecida e admirada pelo seu empreendedorismo, pois desde nova, antes mesmo de
casar-se aos dezessete anos, trabalhava com fabricação manual e artesanal de
arranjos de flores, ramalhetes e arranjos variados para cerimônias de casamento
ou batizado, mais adiante até à decoração das festas estudantis e religiosas,
pois sua arte e trabalho estavam sempre presentes em Canhoba e nos municípios
da região circunvizinha. Além disso, pintava tecidos e roupas com diversos
desenhos de flores, frutas e paisagens, conforme eram solicitados ou por ela
indicados, emitindo um tom particular na moda local e da redondeza e
enveredou-se também na venda de artigos de confecções, perfumes e cosméticos
que muito contribuíram também com a moda e a variedade nas festas da cidade.
Educou seus filhos e àqueles que com eles conviviam (amigos e vizinhos) na
mesma disciplina, a converterem água em uma bebida saborosa e refrescante, como
os ‘’Ki-Sucos”, bem como, picolés e geladinhos. Além disso, o leite de.vaca,
que tinha em abundância, era utilizado na fabricação de deliciosos alimentos e
guloseimas, como balas, bolos, etc. Utilizava também papéis para confeccionar
belas caixas de presentes, ou para a venda de castanha de caju durante o
período natalino, e tudo isso era de produção caseira, e vendido por seus
filhos na feira da cidade, no dentro mercado municipal, ou nas ruas da cidade.
Sua vida
pública iniciou em 20/06/1955 quando ela assumiu, após ser nomeada como
Auxiliar, a cadeira de Professora Primária no Povoado Escurial, então
pertencente ao município de Canhoba/SE, concedida pela indicação do seu primo,
o Deputado Antônio Torres Junior. Em março de 1957, conseguiu por intermédio do
mesmo Deputado a transferência para a sede do município na escola que estudou
seu primário. Foi uma profissional dedicada que se utilizava do lúdico em sua
prática pedagógica, assim unia a diversão em momentos de aprendizado com
passeios ao ar livre. Seus atos públicos deram-se sempre dentro da normativa
educacional e que se externavam aos muros da escola para o campo popular e
religioso apresentados, muitas vezes, em atos culturais, ou nas datas
comemorativas do calendário oficial, atraves de desfiles, bailes, ou mesmo as
famosas peças teatrais, que ela mesma
escrevia ou adaptava de alguma história de livros conhecidos e, principalmente,
do Livro Sagrado: a Bíblia. Ela mesma as dirigia, fosse a peça numa escola,
numa praça, em qualquer outro local público, e até mesmo na igreja. Amava
reunir a criançada da cidade à noite, para contar histórias de trancoso e
religiosas, ainda mais se fosse noite de Lua Cheia e, principalmente, quando
faltava energia na cidade.
Cidadã de
origem e não obstantes na prática da vida pública, são remetidos a ela vários
feitos, entre eles a melhoria da merenda escolar, em alimentos ricos em
vitaminas e sais minerais e a aquisição de vários medicamentos que muito
favoreceram a educação pela saúde da comunidade canhobense, nordestina e até
mesmo brasileira, quando ela enviou uma carta-solicitação ao Presidente da
República, então militar EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICE, que após alguns longos
meses, enviou uma carta a ela, respondendo e garantindo sua solicitação, bem
como, elogiando-a por tal feito e dizendo que desejava que houvesse
"várias JEOVANETES" espalhadas por nosso imenso Brasil!. Foi uma
mulher à frente de seu tempo e ocupou o espaço social com atitudes forte e
determinada na educação, no empreendedorismo e na religião com a convicção para
ajudar aos mais necessitados.
Ela e seu
esposo, desfrutavam de um imenso carisma e
prestígio na região. Com isso, o filho José Jorge Rocha, 4° filho dentre
os 20 e primogênito masculino vivo, foi membro da Câmara Municipal de Canhoba,
sendo o vereador mais votado de todos os tempos na época, com votação superior
até à da eleição do prefeito. E o filho José Pedro Rocha, que disputou também nessa
eleição, quase foi também eleito vereador, na mesma propositura eleitoral.
Desafiante,
curiosa e estudiosa, não se cansava de conversar e entrevistar pessoas idosas e
familiares, anotando tudo de suas conversas. Daí surgiram os primeiros
registros da História de sua família, a Família ROCHA TORRES, e logo da própria
História de Canhoba. Deve-se a ela esse feito, pois foram desses seus escritos
que seus ex-alunos e outros canhobenses que ao apresentaram trabalho de
conclusão curso, ou dos estudos em outras escolas e universidades do país,
puderam contar sobre a história de sua origem. Trabalho esse editado em
apostila por estudantes universitários da UFS - Universidade Federal de Sergipe
e reconhecido pela UNIT - Universidade Tiradentes quando a contemplou com um
Troféu de Reconhecimento pelo trabalho prestado à comunidade e sua relevante
contribuição na História dos Municípios Sergipanos do Baixo do São Francisco,
em um evento em Propriá-SE, o qual inspirou seu primo em segundo grau, Lauro
Rocha a escrever e editar a História deste município.
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