quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Jeovanete Vieira Torres

 

 A ilustre filha e cidadã canhobense, JEOVANETE VIEIRA TORRES, nasceu na sede do município de CANHOBA/SE aos 04/10/1934 e faleceu aos 02/06/2015, aos 80 anos, no Hospital de Urgência de Sergipe, na capital estadual Aracaju/SE, devido a um infarto do miocárdio, após uma semana internada, por ocasião de um primeiro infarto, que pruduziu a queda no quarto de sua residência.

 Era filha primogênita de Temístocles da Rocha Torres (Rochinha) e Maria Vieira Torres, também canhobenses. Seu pai era um dos meio-irmãos de Antônio Torres Neto – oitavo  prefeito municipal de Canhoba – (1954-1958). Ela honrava suas origens e a começar pela sua família, principalmente, aos seus pais.

 Casou-se aos 17 anos, em 06 de janeiro de 1952, na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Pobres, de sua cidade Natal, com seu primo em segundo grau José Moura Rocha (neto do seu tio-avô paterno, Gerônimo da Rocha Torres), e com ele formou uma família de 12 filhos (embora tenham gerarado 20 filhos), que lhes deram 21 netos, e 8 bisnetos até o momento de sua morte (que hoje, em janeiro de 2022, já são 17 bisnetos). Os quais se orgulhavam e agradeciam a Deus por ser sua família considerada um exemplo de boa educação e dos bons princípios.

 Mulher de postura e elegância invejáveis, de pele branca e face rosada e aveludada, destacava-se sempre que era desafiada e ao lado do seu marido fez história no meio social e no comércio local, afinal, ela era a mulher de "Zé Moura" que se destacou como agropecuarista, marchante e na venda de carne bovina e de leite, e mais tarde, também, no comércio interestadual de bovinos.

 Responsabilidade, independência, respeito ao próximo e à natureza, eram seus princípios, que foram convertidos em seu lema. Assim, criou sua grande família nessa linha. Seus filhos seguem o mesmo caminho, tanto no comércio como no campo da educação e religiosidade.

 Fiel devota do Sagrado Coração de Jesus e da Virgem Maria pela Sua Imaculada Conceição e pelas Aparições em Fátima-Portugal, para a qual ajudou a arrecadar fundos para a compra da Imagem que se encontra na Igreja Matriz, ela produziu e dirigiu várias peças teatrais e as apresentou em ato público ou de forma privada com arrecadação transformada em donativos para a reforma de igrejas, produção das festas religiosa e educacionais, bem como, para as pessoas mais necessitadas. Foi também catequista da Igreja Católica, Presidente e Mãe Espiritual do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus por vários e vários anos. .

 Apesar disso, por motivos outros que ela depois veio a declarar não saber, deixou a Igreja Católica durante um período de 14 anos. No qual transitou por igrejas evangélicas de outras denominações cristãs como Universal do Reino de Deus, em Propriá e em Aracaju, a da Graça, em Aracaju, e frequentou a da Assembleia de Deus, em Canhoba. Foi na Cerimônia da Celebração da Páscoa,  em abril de 2014, que ela retornou à Igreja Católica e após uma copiosa preparação auxiliada e ministrada pelo Pe. Murilo Morais Silva, Pároco naquele momento, renovou sua promessa do Crisma - Confirmação do Batismo pela Ação do Espírito Santo, na Fé Católica, realizada na mesma Igreja Matriz do Bom Jesus dos Pobres, onde ela foi batizada, crismada e casou-se. Faleceu fazendo o que mais gostava: contando e cantando historinhas para as crianças no catecismo

 Desde a mais tenra idade se destacava nos estudos e na boa conduta frente à sociedade da época, estudou o Curso Primário na Sede das Escolas Reunidas "Hermes Fontes", mais adiante Grupo Escolar "Hermes Fontes", hoje Escola Estadual "Dr. Eronildes Ferreira de Carvalho". Durante o período de 1972-1978,  foi diretora dessa mesma escola já denominada Grupo Escolar "Hermes Fontes", dentre os vários projetos que desenvolveu, um deles merece destaque,  pois foi com a participação de alunos e professores na criação de uma horta, em uma parte da área do jardim da escola, que os produtos dessa horta, serviam para incrementar e variar o cardápio da alimentação escolar, além de se servir de aulas práticas, promovendo já naquela época a interdisciplinaridade, quando ainda nem se  utilizava esse termo na educação. Cursou é formou-se em Corte e Costura. De 1974 a 1977 cursou as demais séries do antigo Ensino do 1° Grau (hoje, Ensino Fundamental) e o Ensino do 2° Grau Profissionalizante, denominado Pedagógico (hoje Ensino Médio e Ensino Profissionalizante), através de um Programa Especial Federal de Equivalência de Ensino para Formação de Professores, que, no âmbito estadual, foi administrado pela SEC/SE - Secretaria de Educação e Cultura de Sergipe (que passou a ser chamada de SEED, e hoje é denominada SEDUC), nos períodos de férias escolares, o qual ela cursou na DER-06 em Própria/SE, sendo ao final homenageada por destacar-se com maior média geral e concluí-lo "Com Louvor"! Aposentou-se em setembro de 1980, mas sua contribuição para a educação, arte, cultura, política, cidadania e religiosidade locais, sempre permaneceu na ativa, uma.vez que, recorrentemente, seus ex-alunos estavam à sua porta pedindo orientação ou ajuda em seus trabalhos escolares/universitários, para os quais ela foi sempre solicita e disponível, contribuindo dentro de sua limitação escolar da melhor forma para o êxito pessoal e/ou profissional de todos eles.

 Ela, sempre muito dinâmica, era também muito conhecida e admirada pelo seu empreendedorismo, pois desde nova, antes mesmo de casar-se aos dezessete anos, trabalhava com fabricação manual e artesanal de arranjos de flores, ramalhetes e arranjos variados para cerimônias de casamento ou batizado, mais adiante até à decoração das festas estudantis e religiosas, pois sua arte e trabalho estavam sempre presentes em Canhoba e nos municípios da região circunvizinha. Além disso, pintava tecidos e roupas com diversos desenhos de flores, frutas e paisagens, conforme eram solicitados ou por ela indicados, emitindo um tom particular na moda local e da redondeza e enveredou-se também na venda de artigos de confecções, perfumes e cosméticos que muito contribuíram também com a moda e a variedade nas festas da cidade. Educou seus filhos e àqueles que com eles conviviam (amigos e vizinhos) na mesma disciplina, a converterem água em uma bebida saborosa e refrescante, como os ‘’Ki-Sucos”, bem como, picolés e geladinhos. Além disso, o leite de.vaca, que tinha em abundância, era utilizado na fabricação de deliciosos alimentos e guloseimas, como balas, bolos, etc. Utilizava também papéis para confeccionar belas caixas de presentes, ou para a venda de castanha de caju durante o período natalino, e tudo isso era de produção caseira, e vendido por seus filhos na feira da cidade, no dentro mercado municipal, ou nas ruas da cidade.

Sua vida pública iniciou em 20/06/1955 quando ela assumiu, após ser nomeada como Auxiliar, a cadeira de Professora Primária no Povoado Escurial, então pertencente ao município de Canhoba/SE, concedida pela indicação do seu primo, o Deputado Antônio Torres Junior. Em março de 1957, conseguiu por intermédio do mesmo Deputado a transferência para a sede do município na escola que estudou seu primário. Foi uma profissional dedicada que se utilizava do lúdico em sua prática pedagógica, assim unia a diversão em momentos de aprendizado com passeios ao ar livre. Seus atos públicos deram-se sempre dentro da normativa educacional e que se externavam aos muros da escola para o campo popular e religioso apresentados, muitas vezes, em atos culturais, ou nas datas comemorativas do calendário oficial, atraves de desfiles, bailes, ou mesmo as famosas peças teatrais,  que ela mesma escrevia ou adaptava de alguma história de livros conhecidos e, principalmente, do Livro Sagrado: a Bíblia. Ela mesma as dirigia, fosse a peça numa escola, numa praça, em qualquer outro local público, e até mesmo na igreja. Amava reunir a criançada da cidade à noite, para contar histórias de trancoso e religiosas, ainda mais se fosse noite de Lua Cheia e, principalmente, quando faltava energia na cidade.

Cidadã de origem e não obstantes na prática da vida pública, são remetidos a ela vários feitos, entre eles a melhoria da merenda escolar, em alimentos ricos em vitaminas e sais minerais e a aquisição de vários medicamentos que muito favoreceram a educação pela saúde da comunidade canhobense, nordestina e até mesmo brasileira, quando ela enviou uma carta-solicitação ao Presidente da República, então militar EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICE, que após alguns longos meses, enviou uma carta a ela, respondendo e garantindo sua solicitação, bem como, elogiando-a por tal feito e dizendo que desejava que houvesse "várias JEOVANETES" espalhadas por nosso imenso Brasil!. Foi uma mulher à frente de seu tempo e ocupou o espaço social com atitudes forte e determinada na educação, no empreendedorismo e na religião com a convicção para ajudar aos mais necessitados.

Ela e seu esposo, desfrutavam de um imenso carisma e  prestígio na região. Com isso, o filho José Jorge Rocha, 4° filho dentre os 20 e primogênito masculino vivo, foi membro da Câmara Municipal de Canhoba, sendo o vereador mais votado de todos os tempos na época, com votação superior até à da eleição do prefeito. E o filho José Pedro Rocha, que disputou também nessa eleição, quase foi também eleito vereador, na mesma propositura eleitoral.

Desafiante, curiosa e estudiosa, não se cansava de conversar e entrevistar pessoas idosas e familiares, anotando tudo de suas conversas. Daí surgiram os primeiros registros da História de sua família, a Família ROCHA TORRES, e logo da própria História de Canhoba. Deve-se a ela esse feito, pois foram desses seus escritos que seus ex-alunos e outros canhobenses que ao apresentaram trabalho de conclusão curso, ou dos estudos em outras escolas e universidades do país, puderam contar sobre a história de sua origem. Trabalho esse editado em apostila por estudantes universitários da UFS - Universidade Federal de Sergipe e reconhecido pela UNIT - Universidade Tiradentes quando a contemplou com um Troféu de Reconhecimento pelo trabalho prestado à comunidade e sua relevante contribuição na História dos Municípios Sergipanos do Baixo do São Francisco, em um evento em Propriá-SE, o qual inspirou seu primo em segundo grau, Lauro Rocha a escrever e editar a História deste município.

 Conhecida por todos na cidade, tinha amigos de todas as idades e gerações, conquistou uma legião de admiradores e seguidores ao longo de sua existência, deixando uma impreenchível lacuna de saudades e solidão aos familiares, amigos, ex-alunos e à sociedade canhobense. Pessoa trabalhadora, honesta, religiosa e que deixou como legado valoroso exemplo de vida a todos. Assim, seus feitos como mulher, esposa, mãe, profissional, educadora, funcionária pública, cristã e de cidadã, jamais serão esquecidos,  visto que se configura na memória dos canhobenses que com ela conviveram ou que dela receberam os ensinamentos educacionais, fraternos e religiosos, mas, principalmente, os que estão registrados.

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