Nascido em 10 de julho de 1947, filho de Florisval da Rocha Torres e Raimunda Lemos Torres, o pequeno Gutemberg logo ganharia o apelido de “Curiba”. Aos 9 anos de idade perdeu sua mãe, Dona Raimunda, vindo a receber os cuidados de suas irmãs mais velhas, Florípedes, Ivelice, Valdelice e Tuta. Estas chegaram a leva-lo para morar em Aracaju, mas o menino criado no interior não se acostumou a viver na Capital. Em Aracaju, viveu por cerca de quatro anos, onde estudo nos colégios Manuel Luiz e Jackson de Figueiredo. Dizia que seu único prazer em Aracaju era pegar caranguejo e siri nos mangues do Bairro São José e Praia Formosa.
Aos 17 anos, Gutemberg insistiu e convenceu suas irmãs a retornar para Canhoba, onde passou a ajudar seu irmão Frederico nas atividades comerciais. Não demorou muito, Curiba estava habilmente preparado para tocar seu próprio comércio. Comprava chinelos e retalhos de panos para vender nas feiras de Canhoba, Nossa Senhora de Lourdes e no povoado Escurial. Aos poucos foi diversificando seus produtos, incluindo farinha, feijão, açúcar, sabão em barra, etc. O próximo passou vou abrir sua própria bodega, no que já contou com a participação da sua preciosa esposa, Dona Normélia. Gutemberg e Normélia casaram-se em 1967, formando um lindo casal de seres humanos que viviam do seu trabalho e da dedicação aos seus filhos, pois a partir de 1968, a família cresceu com a chegada do primogênito Valtemberg (Valinho). Da bodega e das atividades comerciais desempenhadas nas feiras dos locais já citados, Gutemberg conseguiu juntar uns trocados e comprar sua primeira vaca. Pouco tempo depois adquiriu um pedaço de terra do seu tio Juvenal da Rocha Torres (“O Tio Jove”). O jovem comerciante passou a dividir seus dias entre o comércio e a criação de algumas vacas, pois seu rebanho chegou a cerca de dez cabeças. Aos poucos vieram outros filhos como Gleide Selma (felecida aos dois anos de idade), Valdirene, Marcelo, Márcia e Danela, nascida em 1982. Seu Curiba, sim senhores, Gutemberg agora o Seu Curiba, dona da bodega. Tinha vida de luta e virtude, sendo muito querido por amigos e familiares. Era um homem respeitado e honesto, que por várias vezes recusou o convite para entrar na política. Sempre recusou, mas nunca deixou de tomar partido. Adorava as rivalidades geradas pelas campanhas eleitorais.
Em março de 2020, Seu Curiba faleceu, vítima de um tumor cerebral, deixando um legado enorme de bondade, de honestidade e de amor ao próximo. Por dezenas de vezes seus relatos sobre as dificuldades financeiras geradas pelas secas e pela desigualdade social incomodavam seu sossego. Sempre ensinou seus filhos a olharem para os mais precisados, estender um braço amigo àqueles que necessitarem. Esse foi Seu Curiba, um homem simples de trabalhador que ensinou que a honra vale mais que muito dinheiro.