Frederico Lemos Torres |
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Frederico Lemos Torres
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Maria de Fátima Pereira Silva ( Dona Fátima)
Maria de Fátima Pereira Silva |
Maria de Fátima Pereira Silva, natural de Itaporanga D’Ajuda, de família humilde, filha honrosa dos seus pais: Natália Pereira, e do saudoso Juvêncio Alves de Moura, a primogênita de 10 irmãos, nem imaginava que logo se tornara uma profissional tão admirada e reconhecida pelo que faz !
Ainda na infância e adolescência, percorreu longos caminhos a pés para chegar onde mais gostava de estar, na escola, dias após dias, sob a luz do sol ou debaixo de chuva, sem faltar, sem desistir, cultivou em si a perseverança por conhecimento, sempre em busca de aprender mais e mais, mesmo com tão poucos recursos daquela época. Relatos de sua mãe evidenciam que aquela menina entusiasmada com os estudos já demonstrava qual profissão teria, ao chegar em casa após as aulas, ela reunia sua bonecas e as ensinava tudo que aprendia, todos os dias !
Chegou a Canhoba em 1979, no auge dos seus 24 anos, trazendo consigo muita vontade de ensinar, mas também os receios do que sua nova jornada lhe traria ! Lecionou por 6 anos, dos quais exerceu com perfeição sua tão sonhada profissão, ser professora, rígida e exigente ela priorizava a leitura e a escrita no aprendizado dos seus alunos, conquistou sua legião de sobrinhos e a partir daí inicia-se o grande legado de Dona Fátima, ainda no Grupo Escolar Hermes Fontes depois renomeado para atual Escola Estadual Doutor Eronides de Carvalho. Esteve como vice-diretora durante 8 anos e 16 anos como diretora, afastando-se das suas atribuições em sala de aula, mas não menos exigente ou menos rigorosa, hora ou outra ela lecionava pela eventual falta de algum professor, ninguém ia para casa, se veio a escola era imprescindível estudar ! Todos os dias ela chegava exatamente as 8h pela manhã e as 13h pela tarde, sem atrasar 1 minuto se quer, era obrigatório a escola estar limpa e higienizada, os alunos devidamente fardados, sair em fila para o intervalo, sem correr, sem bagunça, cantar o hino nacional com a mão no peito e a letra na ponta da língua, ela passeava entre as filas para certificar-se de que todos sabiam, e no dia 7 de setembro era de praxe o desfile cívico, assim também como era comum eventos em datas festivas, peças, quadrilha, e recitais de poesia ! Quando todos estavam inquietos na sala bastava escutar o som dos seus passos no corredor para ficarem atentos: “Dona Fátima vem aí!”, logo tudo volta a ordem ! Lutou pelo direito de todos, não faltava merenda, não faltava atenção, muito menos comprometimento para com a educação dos alunos, sempre muito preocupada se tudo ocorria bem, detalhista e metódica cobrava dos professores que trabalhassem como deve ser ! Muito respeitada e admirada pelos pais, estabeleceu entre eles consideração mútua, para ela era primordial a participação da família quando necessário e se alguém aprontasse logo recebia a ordem dos responsáveis: “Bata nele, Dona Fátima, que em casa ele apanha novamente!”.! Aos 45 anos, mãe de dois filhos e um sobrinho ainda pequeno, decidiu enfrentar mais um desafio, sedenta por conhecimento, começou a cursar letras-português, e aos 49 anos formou-se a primeira professora de Canhoba pela Universidade Federal de Sergipe ! Posteriormente cursou pós-graduação em gestão escolar !
Incorruptível, honesta, íntegra, perfeccionista, inteligente, dedicada e apaixonada pela que fazia, ao completar 30 anos de trabalho no ano de 2009 chegou o tempo de descansar, sua aposentadoria estaria lhe esperando para dias mais tranquilos e merecidos, encerrando sua carreira profissional.
Sorte de quem conheceu o tão famoso “cascudo de Dona Fátima”, e para quem não conheceu, ainda dá tempo, só mudou o anel !
Texto produzido por Áureo Bruno Alves Leite (sobrinho)