28 de Julho de 2013 ás 10:07 - Homenagem
Ontem, dia 27, fez um mês que
a matriarca Safira Torres de Menezes partiu e encerrou sua grande missão
na terra. Seu filho, Juvenal Torres, aproveita o Portal A8 SE para
enviar uma homenagem feita pela família. Para lembrar um pouco da sua
bonita história, transcrevo na íntegra:
"Safira
Santos Torres nasceu em Canhoba em 21 de abril de 1929. Filha de
Juvenal da Rocha Torres e Áurea Santos Torres, casou-se com Eurípedes
Teles de Menezes, passando a adotar o nome Safira Torres de Menezes.
Teve uma história de vida que surpreende a todos. Muito jovem,
participou de um movimento em Canhoba para impedir que tirassem o motor
que gerava energia elétrica. Com o marido, enfrentou perseguição
política por serem ele e seu pai comunistas, tendo-se refugiado na
fazenda dos seus tios Maneca e Anita. Ele, ficou numa serra deserta,
protegido apenas por uma lona, onde se encontravam clandestinamente.
Nesta ocasião, o casal já tinham 5 filhos, concebendo mais uma filha.
Mesmo
tendo que cuidar dos filhos e grávida, não abandonava o grande amor da
sua vida. Tendo o exército aumentado o cerco, mudaram-se para Alagoas
onde ele trabalhava como vaqueiro. Foram muitas idas e vindas na
clandestinidade, que durou quase oito anos. Isto lhe custou a perda do
emprego. Ela deu à luz a mais tres filhos. Seguiu-se, ainda, um período
de grande dificuldade, sem condições de sustento da família. Findo este
período, ele conseguiu readquirir o emprego no Horto Florestal de
Ibura, onde tiveram um período de paz, segurança e conforto. Como
queriam cuidar da educação dos filhos, resolveram mudar para Aracaju,
onde já possuíam uma casa no bairro 18 do forte. Na preparação para a
mudança, perdeu seu amado, com 41 anos, num acidente automobilístico
onde feriram-se gravemente seu pai, Jove e seu filho, Péricles. Estava
então com 38 anos, grávida, 13 filhos vivos, com idades de 3 meses a 18
anos.
Ela se
reinventou: passou a costurar, aprendeu a dirigir, forneceu marmitas,
não deixou nenhum filho se afastar do lar, criou e educou todos com
rigor, bravura e carinho. Na sua casa, já lotada, sempre cabia mais um,
amigo ou parente. Sua mesa, mesmo quando escassa, tinha sempre um prato a
mais. Soube capitalizar a ajuda de inúmeros parentes e amigos na sua
jornada. Soube rechaçar, com elegância, possíveis intromissões na sua
vida pessoal e de sua família. Viveu como ninguém um verso de Djavan:
“Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra
dar...”
Depois de formar e casar todos os filhos, seguiu educando netos e
bisnetos. Nos últimos 20 anos usufruiu de tudo que plantou: Fez natação e
participou de competições, viajou o mundo inteiro, acompanhou filhos em
defesas de teses onde conversava com os doutores, como se fizesse parte
daquele mundo. Ou talvez Deus já lhe tivesse outorgado o titulo de
“Doutora Honoris Causa”. Soube calar e falar no momento certo.
Deus
lhe deu mais uma cruz: um câncer de intestino. Foi operada várias
vezes, ficou na UTI do Hospital São Lucas por quatro meses, e novamente
soube cativar seus anjos da guarda que aqui homenageamos através do Dr.
Thiago Smith representando a equipe médica, Dra. Carol, fisioterapeuta,
Helena, técnica de enfermagem e tantos outros que não poderíamos
enumerar. O mesmo Deus que lhe deu a cruz, ajudou a carregá-la. Voltou
para casa, reviu todos os amigos e parentes. Comemorou seus 84 anos, o
dia das mães, voltou à sua terra natal – Canhoba. Acompanhou de cadeira
de rodas a procissão do Santo Cruzeiro. Viu sua cidade com os olhos de
quem ama. Deu e recebeu carinho, afagos e beijos no convívio constante
com filhos, netos e bisnetos que se revezaram em cuidados ininterruptos
durante os últimos 7 meses. Foi-se despedindo de cada um e ensinando até
o último dia: humildade, resignação e amor. Deus, enfim, lhe tirou a
Cruz. Viu que ela havia cumprido toda a sua missão e ela seguiu em paz
no dia 27 de junho de 2013. Seus filhos: João, José (Zequinha),
Euripedes, Normélia , Jorge Gontran, Safira , Herminia , Juvenal , Maria
Anita, Pericles, Jefferson, Áurea, Elisiário, genros, noras,netos,
bisnetos, e uma infinidade de amigos lhe rendem esta merecida
homenagem."
MULHER de fibra que tive o prazer de conhece.Amiga de todos.Boa esposa,mãe,avó.Deixou seu legado.
ResponderExcluirO tempo passa e, ao continuar a viver, ganhamos novos parentes, construímos novas amizades e aos poucos recebemos novas carícias positivas que nos enriquecem de afetos.
ResponderExcluirCom o passar dos anos também, várias pessoas a quem amamos pessoas que com seu amor, sua amizade e seu carinho nos plenificavam e nos tornavam importantes, vão nos dando adeus. Partem e deixam seu espaço vazio em nossas vidas, porque cada uma delas é única e ocupa o lugar que era somente dela.
Assim, costumo dizer que ficamos mais pobres quando alguém importante para nós se vai.
Ontem se despediu Safira Torres de Menezes, minha sogra, mulher forte, batalhadora, mãe, avó, bisavó, sogra, parente e amiga amorosa e dedicada que renunciava ao seu descanso para estar disponível, para sempre servir com alegria.
Safira é da cepa de grandes mulheres que tive a felicidade de conhecer e que deixaram belos exemplos para sua descendência e para os que admiram as sábias e grandes pessoas.
Uma convivência estreita, de mais de quarenta anos, me credencia a ressaltar suas qualidades, enaltecer sua sabedoria, despida de sofisticação, mas sabedoria pura recebida de seus ancestrais e que a cada dia cresceu com as diversas situações difíceis que enfrentou na vida.
Antonia Roza
Sobre Safira Torres de Menezes veja a homenagem feita quando do seu aniversário de 80 anos.
http://www.recantodasletras.com.br/discursos/2106003
Roza, você está sempre presente em todos os momentos e nos engrandece com sua leveza, lealdade e carinho ao falar sobre esta mulher, Safira, nossa mãe, que deu prova de que somente o amor é capaz de garantir a união e o crescimento de toda família. Um abraço Zequinha
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